Entrevista: Jarbas Vasconcelos diz que ‘Senado é igual à mais esculhambada das câmaras municipais’
Sábado, 19 de janeiro de 2013
Dentro de 15 dias, o Senado deve reacomodar Renan Calheiros na cadeira de presidente, em substituição a José Sarney. Inconformado, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, declara: “O Senado é igual à mais esculhambada das câmaras municiais do país.” (Foto: Calheiros e alguns de seus bons companheiros)
Jarbas disse ao blog que a volta de Renan mergulhará o Senado no “imponderável”. Responsabiliza Sarney –“ele conduz a bancada e o próprio Senado como se estivesse no Amapá ou no Maranhão”— e investe contra Dilma Rousseff –“é preciso dizer, sem rodeios, que a presidente da República é conivente com tudo isso”. Vai abaixo a entrevista:
Acha mesmo que o Senado é igual à mais esculambada das câmaras de vereadores do país?Assemelha-se apenas às piores, é igual à mais esculhambada delas, porque há câmaras municipais que são organizadas.
Esculhambação não é um termo forte? É forte, mas é isso mesmo o que acontece. Basta observar a condução dos trabalhos no Senado. O plenário está sempre lotado de lobistas, de pessoas que não têm nada a ver com o processo legislativo, a gente mal pode se movimentar. Terminamos o ano de 2012 sem votar o Orçamento da União. Descobriu-se que há mais de 3 mil vetos presidenciais sem votar. A desorganização se manifesta nas menores coisas. Quer que eu lhe dê outro exemplo?
Sim, por favor.: Nas sessões do final do ano, eu fiz duas ou três intervenções em plenário, irritadiço, porque não se votava nada. Pelo regimento, a Ordem do Dia tem que começar às 16 horas. Dava cinco da tarde, Sarney não aparecia e nada acontecia. Indaguei a quem estava presidindo se haveria votação. E as pessoas respondiam: ‘Estamos aguardando o presidente Sarney’. E eu dizia: não estou perguntando isso. Quero saber se haverá Ordem do Dia e se o horário será cumprido. Isso vai se acumulando e não se vota nada, a não ser as medidas provisórias, que interessam ao Executivo. Pior: quando chegam ao Senado, essas medidas provisórias já estão carregadas de penduricalhos, cheias de ‘jabutis’ colocados dentro delas na Câmara.
Só Sarney pode presidir as sessões? Claro que não. Para isso temos dois vice-presidentes no Senado.
- O que ocorrerá a partir do previsível retorno de Renan à presidência? Vamos mergulhar no imponderável. O episódio da renúncia dele à presidência do Senado aconteceu ontem. Digo ontem por força de expressão. Foi nessa legislatura, que é de oito anos.
Aconteceu em 2007.: Pois então, é o que eu digo. A coisa é recentíssima. O Renan empurrou com a barriga o calendário para a definição do candidato do PMDB imaginando que conseguiria se livrar das denúncias. É uma estratégia troncha, como dizemos aqui no Nordeste. A coisa agora está em plena ebulição. E vai piorar.
Por quê? É um erro imaginar que não vai acontecer nada. As pessoas se perguntam: será que, numa bancada de 20 senadores, o PMDB não tem ninguém melhor do que Renan para indicar como sucessor de Sarney? O PMDB não tem outro nome, um senador com menos desgaste? Fica difícil de explicar.
Por que, afinal, a bancada do PMDB sempre opta por Sarney ou por Renan quando é chamada a indicar um presidente para o Senado? O grande responsável por isso é Sarney. Ele imprime uma orientação pouco democrática e nada sadia à bancada.
Como assim? Ao longo dos anos, Sarney foi acumulando práticas erradas. Quando questionado, sempre se faz de vítima. Ele conduz a bancada e o próprio Senado como se estivesse no Amapá ou no Maranhão, onde ele resolve tudo pela força e pela tradição. Ele chega e diz: ‘Vai ser fulano, vai ser beltrano, vai ser cicrano. Veja o que está ocorrendo agora: sem nenhum tipo de debate, a coisa já está toda definida. Sarney sai e o presidente da Casa vai ser Renan. O líder da bancada do PMDB vai ser Eunício Oliveira. Romero Jucá vai para uma das vice-presidências. É tudo na base do voto de coronel, do voto de cabresto. O pior é que o Congresso continua dando esses exemplos de lamentáveis práticas num instante em que o Judiciário brasileiro, por intermédio do STF, se afirma perante a sociedade.
Por que senadores como o sr. e Pedro Simon não se apresentam como candidatos para disputar com Renan? Poderíamos até nos apresentar como candidatos. Mas não seria suficiente. Veja o meu caso: tenho a marca da oposição. Era preciso que encontrássemos dentro do PMDB uma pessoa como o senador Luiz Henrique, que está ligado à base do governo. Alguém que pudesse se lançar candidato e tivesse condições de pegar o telefone e marcar uma audiência no Planalto e se apresentar à presidente Dilma como candidato do governo. Coisa que o Simon não pode fazer e muito menos eu.
Fonte:Blog Brasil da Corrupção
íntegra você você em http://www.brasildacorrupcao.blogspot.com.br/2013/01/sera-que-algo-parecido-uma-casa-de-mae.html
Dentro de 15 dias, o Senado deve reacomodar Renan Calheiros na cadeira de presidente, em substituição a José Sarney. Inconformado, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, declara: “O Senado é igual à mais esculhambada das câmaras municiais do país.” (Foto: Calheiros e alguns de seus bons companheiros)
Jarbas disse ao blog que a volta de Renan mergulhará o Senado no “imponderável”. Responsabiliza Sarney –“ele conduz a bancada e o próprio Senado como se estivesse no Amapá ou no Maranhão”— e investe contra Dilma Rousseff –“é preciso dizer, sem rodeios, que a presidente da República é conivente com tudo isso”. Vai abaixo a entrevista:
Acha mesmo que o Senado é igual à mais esculambada das câmaras de vereadores do país?Assemelha-se apenas às piores, é igual à mais esculhambada delas, porque há câmaras municipais que são organizadas.
Esculhambação não é um termo forte? É forte, mas é isso mesmo o que acontece. Basta observar a condução dos trabalhos no Senado. O plenário está sempre lotado de lobistas, de pessoas que não têm nada a ver com o processo legislativo, a gente mal pode se movimentar. Terminamos o ano de 2012 sem votar o Orçamento da União. Descobriu-se que há mais de 3 mil vetos presidenciais sem votar. A desorganização se manifesta nas menores coisas. Quer que eu lhe dê outro exemplo?
Sim, por favor.: Nas sessões do final do ano, eu fiz duas ou três intervenções em plenário, irritadiço, porque não se votava nada. Pelo regimento, a Ordem do Dia tem que começar às 16 horas. Dava cinco da tarde, Sarney não aparecia e nada acontecia. Indaguei a quem estava presidindo se haveria votação. E as pessoas respondiam: ‘Estamos aguardando o presidente Sarney’. E eu dizia: não estou perguntando isso. Quero saber se haverá Ordem do Dia e se o horário será cumprido. Isso vai se acumulando e não se vota nada, a não ser as medidas provisórias, que interessam ao Executivo. Pior: quando chegam ao Senado, essas medidas provisórias já estão carregadas de penduricalhos, cheias de ‘jabutis’ colocados dentro delas na Câmara.
Só Sarney pode presidir as sessões? Claro que não. Para isso temos dois vice-presidentes no Senado.
- O que ocorrerá a partir do previsível retorno de Renan à presidência? Vamos mergulhar no imponderável. O episódio da renúncia dele à presidência do Senado aconteceu ontem. Digo ontem por força de expressão. Foi nessa legislatura, que é de oito anos.
Aconteceu em 2007.: Pois então, é o que eu digo. A coisa é recentíssima. O Renan empurrou com a barriga o calendário para a definição do candidato do PMDB imaginando que conseguiria se livrar das denúncias. É uma estratégia troncha, como dizemos aqui no Nordeste. A coisa agora está em plena ebulição. E vai piorar.
Por quê? É um erro imaginar que não vai acontecer nada. As pessoas se perguntam: será que, numa bancada de 20 senadores, o PMDB não tem ninguém melhor do que Renan para indicar como sucessor de Sarney? O PMDB não tem outro nome, um senador com menos desgaste? Fica difícil de explicar.
Por que, afinal, a bancada do PMDB sempre opta por Sarney ou por Renan quando é chamada a indicar um presidente para o Senado? O grande responsável por isso é Sarney. Ele imprime uma orientação pouco democrática e nada sadia à bancada.
Como assim? Ao longo dos anos, Sarney foi acumulando práticas erradas. Quando questionado, sempre se faz de vítima. Ele conduz a bancada e o próprio Senado como se estivesse no Amapá ou no Maranhão, onde ele resolve tudo pela força e pela tradição. Ele chega e diz: ‘Vai ser fulano, vai ser beltrano, vai ser cicrano. Veja o que está ocorrendo agora: sem nenhum tipo de debate, a coisa já está toda definida. Sarney sai e o presidente da Casa vai ser Renan. O líder da bancada do PMDB vai ser Eunício Oliveira. Romero Jucá vai para uma das vice-presidências. É tudo na base do voto de coronel, do voto de cabresto. O pior é que o Congresso continua dando esses exemplos de lamentáveis práticas num instante em que o Judiciário brasileiro, por intermédio do STF, se afirma perante a sociedade.
Por que senadores como o sr. e Pedro Simon não se apresentam como candidatos para disputar com Renan? Poderíamos até nos apresentar como candidatos. Mas não seria suficiente. Veja o meu caso: tenho a marca da oposição. Era preciso que encontrássemos dentro do PMDB uma pessoa como o senador Luiz Henrique, que está ligado à base do governo. Alguém que pudesse se lançar candidato e tivesse condições de pegar o telefone e marcar uma audiência no Planalto e se apresentar à presidente Dilma como candidato do governo. Coisa que o Simon não pode fazer e muito menos eu.
Fonte:Blog Brasil da Corrupção
íntegra você você em http://www.brasildacorrupcao.blogspot.com.br/2013/01/sera-que-algo-parecido-uma-casa-de-mae.html
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