Crônica: " Jogos Que Eu Vi ", Por Lédio Carmona



 

Vasco 2 x 1 Flamengo

qui, 23/02/2012| tags 

Um clássico se torna grandioso quando o cronista para e pensa qual seria a melhor abertura para o seu texto. O jogo de ontem à noite, no Engenhão, teve histórias para lambuzar a mente de quem gosta de contá-las. Partida multi-facetada, que teve cara rubro-negra, sotaque pernambucano, um incrível quase-gol, duelos em alto nível, rivalidade na dose certa. Ninguém jogou tão mal. Ninguém jogou tão bem. Foi um jogo igual. Nos erros, nos acertos, no cruzamento cruel com o imponderável. O Vasco ganhou porque foi mais competente ao fugir da Lei de Deivid e não ficar no quase no momento chave. Teve chances, como os rubro-negros, mas as duas que se ofereceram na cara de Felipe foram convertidas. Numa guerra, não se joga munição fora. É preciso ser certeiro. A frieza de Alecsandro, no primeiro gol, e de Diego Souza, no momento fatal, levaram o Vasco à final da Taça Guanabara, coroou a cumplicidade de um grupo de jogadores profissionais, cascudos e comprometidos com o clube e, de quebra, varreu para longe de São Januário traumas que tiravam a paz na Colina.
O Vasco teve uma noite de caça-fantasmas no Engenhão. E teve algo que lhe faltou nos últimos anos. A tal da sorte desta vez ajudou. Muito embora seja sórdido para quem ganhou resumir o resultado final do jogo ao gol perdido por Deivid. Foi realmente impressionante. Talvez o gol mais perdido de todos os tempos. Aquele que você dirá que faria. Sem goleiro, quase na linha do gol, o centroavante bate de tornozelo e acerta a trave. Não será instantâneo, mas a passagem de Deivid na Gávea será abreviada. A marca do lance é forte. O desfecho, patético. As lembranças, dolorosas. Será difícil para ele se livrar do peso.
Jogo igual, repito. Fla melhor no início, com marcação adiantada, postura agressiva e anulando os lados do Vasco. Aos 3 minutos, Nilton erra no posicionamento, Love dribla Fagner e bate de fora da área. Belo gol. Desarticulação cruzamaltina. Mas os rubro-negros não souberam aproveitar o momento de desconforto do rival. Até que Juninho Pernambucano pôs a bola debaixo do braço e, mais do que jogar, decidiu organizar o time. A partida mudou. JP foi cerebral. Nas ações, nos gestos e na postura. Aos 14 minutos, bateu de fora da área. Felipe solta (ou falha) e Alecsandro (nove gols em nove jogos), o centroavante que os vascaínos tanto desprezam, empatou.
O resto do primeiro tempo foi incrível. Lance de ambos os lados. Goleiros em ação. Respiração difícil para quem via, torcia,  jogava e comandava. Segundo tempo. Menos velocidade, mais paciência. Assim mesmo, ambos atacavam. Vasco melhor nos 10 primeiros minutos. Fla melhor até os 25. Bottinelli no lugar de Deivid (óbvio, Joel Santana) melhorou o Fla. Felipe foi experiente, mas não deu o mesmo ritmo de JP. Porém o Vasco equilibrou o jogo nas subidas de Fagner e Feltri. Leo Moura também sai e o Fla perdia seu melhor jogador.
Estava claro que quem fizesse o gol venceria. Não haveria uma segunda chance. Até que vem o cruzamento do improvável Kim. Fagner aparece de cabeça como um improvável centroavante. E Diego Souza, mal no primeiro tempo, experiente no segundo, marcava, no rebote, seu quarto gol na temporada, terceiro de cabeça. Não era um herói improvável. Diego Souza gosta de ganhar. Esse é um mérito do Vasco 2011/2012.


Foto retirada do site globoesporte.globo.com

Nota do blog: ( sem querer tripudiar )  Uma das mais velhas máximas do futebol já diz: quem não faz, leva. E quem não faz um gol absolutamente feito, impossível de perder, cara a cara com a baliza, sem goleiro ou beque adversário pela frente, como aconteceu com Deivid, merece mesmo o castigo.
O Vasco, 100%, agradeceu a gentileza e liquidou a fatura.

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