Sistema penitenciário: Como morrem os detentos que cumprem pena nas cadeias do Rio Grande do Sul
Domingo, 19 de janeiro de 2014
Maurício Tonetto
A montagem de Ricardo Alexandre dos Santos Machado começa com a figura de um mago. Era essa imagem, tatuada nas costas, que o identificava entre seus familiares, amigos e companheiros de prisão. Foi essa imagem que revelou aos servidores do Instituto-geral de Perícias (IGP), em setembro de 2010, que o tronco desenterrado nos fundos de uma penitenciária era do homem de 30 anos, dado como foragido do regime semiaberto.
Quando cravaram as pás na terra e descobriram uma cova improvisada, os peritos depararam, primeiro, com o tronco. Em seguida, vieram os braços, as pernas, os pés e, finalmente, a cabeça. O esquartejamento de Machado deixava claro que, naquele ambiente hostil, não havia limites para a brutalidade.
A cena de horror descrita acima não ocorreu no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão. O quebra-cabeça de Ricardo Alexandre dos Santos Machado foi montado no Instituto Penal de Charqueadas, Região Metropolitana, e integra a estatística de ao menos 16 assassinatos no regime semiaberto gaúcho nos últimos quatro anos.
Ao todo, entre 2010 e o primeiro semestre passado, 305 presos morreram (por diferentes causas) nas prisões gaúchas – média de um por semana.
A maioria foi vitimada por problemas de saúde, agravados pelas condições insalubres das cadeias.
No Central e no Complexo de Charqueadas, que concentram quase a metade dos presos gaúchos, parte das mortes não-violentas poderia ser evitada: 18% morrem com insuficiência respiratória, 19% não resistem à broncopneumonia ou pneumonia e 7% sucumbem à tuberculose.
– Muita gente confinada, em um espaço pequeno, potencializa os riscos – aponta a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, com sede em São Paulo.
Algumas mortes supostamente causadas por doenças estão sob suspeita no Presídio Central. Em ao menos 11 casos, segundo a Vara da Execuções Criminais (VEC), há indícios, sustentados por relatos de apenados, de que homicídios foram maquiados pelas facções criminosas.
– Isso nos coloca em um patamar até superior ao do Maranhão. Aqui se mata de uma forma mascarada. Os presos não querem holofotes em cima deles – interpreta o juiz Sidinei Brzuska, da VEC.
Em 2009, Brzuska determinou que todas as mortes envolvendo presos fossem comunicadas imediatamente ao Ministério Público e ao Judiciário. O magistrado suspeita que homicídios, especialmente no Central, possam envolver injeções cavalares de drogas – por seringa ou via oral – e o sufocamento do preso com uma sacola plástica.
Em documento oficial, obtido por Zero Hora, o diretor do Central, tenente-coronel Osvaldo da Silva, comunicou à VEC a remoção de três apenados que tentaram matar um colega, em setembro de 2013. Para executá-lo, eles teriam forçado uma overdose de drogas. O homem sobreviveu.
O método é o apontado pelo juiz e pelo MP em mortes supostamente provocadas por overdoses.
– As coisas acontecem com sutileza. No Central, houve um acordo entre os presos para dar fim às execuções. Quando eliminam alguém, tentam fazer com que pareça morte natural. O que a gente ouve é que existe um mercado lucrativo nas galerias. Proceder de maneira ostensiva chama a atenção, e isso não convém para os negócios – explica o promotor Gilmar Bortolotto, da Promotoria de Justiça de Execução Criminal.
Nota do blog;
há poucos dias, ficamos sabendo também como morrem os detentos da penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão; decapitados, literalmente...
A montagem de Ricardo Alexandre dos Santos Machado começa com a figura de um mago. Era essa imagem, tatuada nas costas, que o identificava entre seus familiares, amigos e companheiros de prisão. Foi essa imagem que revelou aos servidores do Instituto-geral de Perícias (IGP), em setembro de 2010, que o tronco desenterrado nos fundos de uma penitenciária era do homem de 30 anos, dado como foragido do regime semiaberto.
Quando cravaram as pás na terra e descobriram uma cova improvisada, os peritos depararam, primeiro, com o tronco. Em seguida, vieram os braços, as pernas, os pés e, finalmente, a cabeça. O esquartejamento de Machado deixava claro que, naquele ambiente hostil, não havia limites para a brutalidade.
A cena de horror descrita acima não ocorreu no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão. O quebra-cabeça de Ricardo Alexandre dos Santos Machado foi montado no Instituto Penal de Charqueadas, Região Metropolitana, e integra a estatística de ao menos 16 assassinatos no regime semiaberto gaúcho nos últimos quatro anos.
Ao todo, entre 2010 e o primeiro semestre passado, 305 presos morreram (por diferentes causas) nas prisões gaúchas – média de um por semana.
A maioria foi vitimada por problemas de saúde, agravados pelas condições insalubres das cadeias.
No Central e no Complexo de Charqueadas, que concentram quase a metade dos presos gaúchos, parte das mortes não-violentas poderia ser evitada: 18% morrem com insuficiência respiratória, 19% não resistem à broncopneumonia ou pneumonia e 7% sucumbem à tuberculose.
– Muita gente confinada, em um espaço pequeno, potencializa os riscos – aponta a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, com sede em São Paulo.
Algumas mortes supostamente causadas por doenças estão sob suspeita no Presídio Central. Em ao menos 11 casos, segundo a Vara da Execuções Criminais (VEC), há indícios, sustentados por relatos de apenados, de que homicídios foram maquiados pelas facções criminosas.
– Isso nos coloca em um patamar até superior ao do Maranhão. Aqui se mata de uma forma mascarada. Os presos não querem holofotes em cima deles – interpreta o juiz Sidinei Brzuska, da VEC.
Em 2009, Brzuska determinou que todas as mortes envolvendo presos fossem comunicadas imediatamente ao Ministério Público e ao Judiciário. O magistrado suspeita que homicídios, especialmente no Central, possam envolver injeções cavalares de drogas – por seringa ou via oral – e o sufocamento do preso com uma sacola plástica.
Em documento oficial, obtido por Zero Hora, o diretor do Central, tenente-coronel Osvaldo da Silva, comunicou à VEC a remoção de três apenados que tentaram matar um colega, em setembro de 2013. Para executá-lo, eles teriam forçado uma overdose de drogas. O homem sobreviveu.
O método é o apontado pelo juiz e pelo MP em mortes supostamente provocadas por overdoses.
– As coisas acontecem com sutileza. No Central, houve um acordo entre os presos para dar fim às execuções. Quando eliminam alguém, tentam fazer com que pareça morte natural. O que a gente ouve é que existe um mercado lucrativo nas galerias. Proceder de maneira ostensiva chama a atenção, e isso não convém para os negócios – explica o promotor Gilmar Bortolotto, da Promotoria de Justiça de Execução Criminal.
Nota do blog;
há poucos dias, ficamos sabendo também como morrem os detentos da penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão; decapitados, literalmente...
Uma briga entre integrantes de uma mesma facção criminosa deixou quatro mortos – três decapitados – no Centro de Detenção Provisória . O resto da história o Brasil ( e o Mundo ) já sabe...
FONTES: Zero Hora
na íntegra
imagem de http://amigosdaguardacivil.blogspot.com.br/2013/12/bizarro-novas-decapitacoes-comprovam.html
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