AMAPI: Presidente Aponta Interferência Como Fonte de Corrupção
Juiz José Airton Medeiros, Presidente da AMAPI
Muitas decisões dos juízes são cassadas. Eu sou concursado, não devo nada a ninguém, mas muitas das minhas decisões são cassadas por desembargadores. Tem desembargador que é nomeado pelo governador. No Supremo, são colocados pelo presidente da República. Mesmo diante desse cenário, muitos juízes trabalham de forma honesta e corajosa. Aqueles que não agem dessa forma precisam ser punidos”, afirmou o presidente da Associação dos Magistrados Piauienses (AMAPI), José Airton Medeiros, ao criticar a interferência de outros poderes no Judiciário.
A declaração foi feita durante o lançamento do projeto Adote um Processo, nesta sexta-feira (09), pela Força Tarefa Popular. A proposta consiste em reunir estudantes interessados em acompanhar a tramitação de processos na Justiça Comum com o objetivo de exercer o controle social sobre ações ajuizadas contra gestores municipais, especialmente prefeitos e ex-prefeitos.
Na ocasião, José Airton Medeiros também ressaltou a importância do engajamento dos estudantes e pediu que analisem a atuação dos juízes na tramitação dos processos. “É fácil apontar o dedo e dizer que a culpa da impunidade é nossa. A sociedade precisa entender que grande parte da solução dos problemas não está nas mãos dos juízes”, disse.
A iniciativa foi realizada no auditório da OAB-PI em virtude do Dia Internacional de Combate à Corrupção. Participaram do evento, entidades e representantes da sociedade civil, que discutiram os efeitos da corrupção e o papel da sociedade.
De acordo com o coordenador da Força Tarefa Popular, José Arimatéia Dantas, uma das metas do projeto é dar visibilidade aos casos de corrupção e tentar recuperar o dinheiro público desviado por gestores. “Essa é uma forma de lutar contra o sistema corrupto, que vai matando lentamente, por falta de emprego, falta de medicamento e de tantos serviços básicos”, pontuou Dantas.
O diretor da Associação Piauiense do Ministério Público (APMP), Antônio Rodrigues Moura, apontou os parcos recursos para o Ministério Público como empecilho para que os membros do MP fiscalizem as ações dos gestores a contento. “A Assembleia Legislativa do Piauí deve receber R$ 200 milhões do bolo orçamentário, enquanto o Ministério Público, na melhor das hipóteses, receberá a metade disso. Não defendo a redução dos recursos da Assembleia, mas, como justificar essa divisão, se os 30 deputados trabalham em um único prédio, enquanto 190 promotores atuam em 93 comarcas sem a menor estrutura e sem servidores?”, frisou.
Fonte: portal da amapi
Foto do site jornalesp.com
extraído em m13.12.11
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