OAB-Mg Investiga 101 Advogados Que Atuam Irregularmente



Publicação:
 16/07/2012 
Todo cuidado é pouco na hora de contratar um advogado. Quem alerta é a própria entidade que reúne os profissionais em Minas. A seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) acaba de encaminhar ao Ministério Público estadual (MPE) uma lista com nomes de 101 pessoas suspeitas de exercício ilegal da profissão no estado. A maioria dos casos é de bacharéis que concluíram o curso de direito, mas não foram aprovados no exame da Ordem – requisito para exercer a advocacia. Há, ainda, casos de estagiários trabalhando na área e de pessoas que advogam sem sequer ter cursado faculdade.

O pedido de providências foi encaminhado ao Ministério Público pela Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas da OAB-MG. Uma segunda lista com outros 99 nomes será enviada posteriormente. Alguns suspeitos, informa a ordem, agiam ilegalmente desde 2005. Muitos abriram escritórios ou empresas de consultoria jurídica e chegaram a contratar advogados legalizados. Mas, segundo a delegada de prerrogativas da OAB, Cíntia Ribeiro Freitas, o artigo 37 do estatuto da OAB determina que somente profissionais regularmente inscritos podem reunir-se para formação de sociedade. “Estamos adotando as medidas cabíveis. Nesse caso, oficiar o Ministério Público, que é o titular da ação”, disse Cíntia.

O Ministério Público vai analisar os 101 procedimentos e, com base nas provas apresentadas pela OAB e em investigações próprias, pode oferecer denúncia à Justiça contra os acusados. Eles podem responder por contravenção penal, com base no artigo 47 do Decreto-Lei 3.688/41, e por estelionato. A pena pode chegar a cinco anos de reclusão. O caso está nas mãos do promotor Joaquim Miranda, do Centro de Apoio às Promotorias Criminais.

Segundo a OAB, quem contrata um advogado sem licença pode ter vários tipos de problemas Além de exercer uma atividade de maneira ilegal, não é possível saber se essas pessoas têm conhecimento técnico para defender corretamente o cliente, o que pode acarretar prejuízo financeiro e moral. Sem citar nomes, a Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas da OAB-MG informou que a lista enviada ao Ministério Público inclui, por exemplo, um advogado sem licença que teria dado prejuízo de R$ 21 mil a uma mulher. Na procuração assinada pela cliente para o suposto profissional, constava que ele era inscrito na Ordem, mas a OAB descobriu depois que, na verdade, ele era estagiário e teve a licença cancelada em 2008.

Cíntia Freitas, da OAB: segundo ela, há casos de advogados trabalhando irregularmente desde 2005 ( (Euler Júnior/EM/D.A Press))
Cíntia Freitas, da OAB: segundo ela, há casos de advogados trabalhando irregularmente desde 2005
Sem inscrição
De acordo com Cíntia Ribeiro, o investigado concluiu o curso de direito, recebeu diploma, mas não pode advogar. “Não é regularmente inscrito nos quadros da OAB. Precisaria ter passado no exame de Ordem para estar apto ao exercício da profissão. Há suspensão do registro quando o advogado é punido pelo Conselho de Ética, mas não é o caso dele”, disse a advogada. Mesmo sem passar no exame da Ordem, o advogado sem registro teria aberto escritório em Belo Horizonte e contratado advogados inscritos na OAB-MG para trabalhar com ele. Consta na investigação que ele foi contratado para uma ação de partilha de bens, cobrou antecipadamente 10% do valor total, mas teria abandonado a causa pela metade.

Outro caso investigado é o de um estagiário que se apresenta com advogado para clientes e seria dono de uma empresa de assessoria jurídica no Centro de BH. A delegada de prerrogativas da OAB explica que no sétimo período do curso de direito o aluno tem de atender uma série de requisitos para obter o registro de estagiário, válido por três anos, até um ano depois da formatura. “O estagiário somente pode atuar quando estiver na presença de um profissional com registro. Não pode praticar nenhum ato isolado sem assistência de um advogado licenciado”, afirma Cíntia. Ela conta que a OAB fez uma investigação antes de encaminhar os procedimentos ao MPE. As apurações começaram pela Comissão de Ética e Disciplina, mediante denúncias de vítimas e por meio de ofícios recebidos.


Fonte: Estado de Minas

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