Escândalo à vista: Min. Marco Aurélio denuncia que colegas praticam o "troca-troca" no Supremo
Quarta Feira, 23 de Abril de 2014
Há 24 anos no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Marco Aurélio Mello nunca teve receio de ficar sozinho nos julgamentos. Não foram poucas as vezes em que suas posições foram derrotadas pela maioria da corte. Por causa disso, ganhou até o apelido de “ministro do voto vencido”, aquele que se opõe à posição da maioria. Nada que o abale. Aos 67 anos, não tem pressa. Faltando três anos para se aposentar, ele critica a postura de alguns colegas da corte.
Na segunda parte da entrevista ao site, o ministro diz que a população não concorda com o novo julgamento do mensalão, que reduziu a pena dos condenados e permitiu que eles trabalhem durente o dia e volte para o presídio à noite. “Quando viajo, nos aeroportos, os cidadãos comuns vêm até a mim pra dizer: mas como? Estão revendo tudo? Erraram anteriormente?”, explicou Marco Aurélio.
Dias atrás, um ministro lhe entregou um voto para que Marco Aurélio lesse. “Chegou um voto aqui – não vou dizer emitido por quem –, devolvi, não tomei conhecimento”.
Fonte: Blog do Tião Lucena
“Não estamos em um teatro pra acertarmos previamente decisões, e depois colocarmos a capa para proclamar”, diz ele, em entrevista, na qual criticou o resultado do novo julgamento do mensalão e a postura dos jovens nos protestos de junho e disse que o Supremo está mais “progressista e arejado”
Segundo Marco Aurélio, hoje os ministros do STF trocam votos entre si antes do início das sessões. “Os colegas agora resolveram, para ter uma votação em plenário praticamente simbólica, distribuir e trocar os votos”, afirmou ele, em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco. “Hoje um colega disse que não recebe. Eu também não recebo para proferi-lo”, continuou.
Ele criticou o que chamou de tentativa de acerto prévio das decisões. “Não estamos em um teatro pra acertarmos previamente decisões, e depois colocarmos a capa para proclamar a decisão”, disparou Marco Aurélio. “Aqui vinga a publicidade”, disse.
Ele ainda criticou os jovens que protestaram em junho do ano passado contra a corrupção e por melhores condições sociais –“Que se tenha um protesto nas urnas. Ao invés do ‘Vem pra rua’, diga: ‘Vem pra urna’” –, reclama do aumento de processos no Supremo – “Estou praticamente trabalhando de graça” –, diz que o Supremo é “mais progressista e arejado” e que a TV Justiça não influencia na postura dos ministros, com exceção dos penteados e do nó das gravatas dos magistrados no plenário.
Figurinhas
De acordo com o ministro, ele nunca aceitou o uso de “figurinhas” em toda sua carreira. “Estou há 35 anos na magistratura e nunca troquei figurinhas, e não vou trocar. Não há quem me faça repassar um voto antes da sessão, do pregão do processo.”
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