Futebol: Oferta de R$ 105 milhões arremata o Brinco e deixa o Guarani em apuros

Terça Feira, 31 de Março de 2015

Estádio Brinco de Ouro, em Campinas (Foto: Murilo Borges)Estádio Brinco de Ouro fica nas mãos de empresa de Porto Alegre, após trâmites judiciais nesta segunda-feira (Foto: Murilo Borges)
O caso envolvendo o leilão do Brinco de Ouro teve mais um capítulo na tarde desta segunda-feira. Para a Justiça doTrabalho, um capítulo definitivo. Em audiência pública com representantes do Guarani, das empresas interessadas e do poder público, a juíza Ana Claudia Torres Vianna, titular da 6ª Vara do Trabalho, rejeitou as três propostas formalizadas na hasta de 18 de março e acabou aceitando uma quarta oferta, da Maxion Empreendimentos Imobiliários. 
O valor de R$ 105 milhões contempla os credores, mas deixa o Bugre sem perspectiva de usar o estádio para aliviar os problemas financeiros. Tanto que a diretoria alviverde já entrou com pedido de embargo. Diante dos recursos jurídicos disponíveis, Ana Claudia prevê até um ano para que o Guarani seja despejado e a Maxion assuma como nova proprietária do local.
– A porta da Justiça sempre esteve aberta para o Guarani resolver os problemas e diminuir o valor da dívida. Infelizmente, aconteceu dessa forma. Fica a torcida para que o clube possa se recuperar em um futuro próximo. Se o Guarani acabar, não será apenas a Justiça do Trabalho que vai pagar esse preço. São 15 anos tentando resolver – afirmou a magistrada responsável conduzir o processo. 
Info SITUAÇÃO do GUARANI - Brinco de Ouro (Foto: infoesporte)
A Maxion, com sede em Porto Alegre, não participou do último leilão, mas ficou sabendo da possibilidade e se interessou. Após estudos e pesquisas de mercado, a empresa enviou o advogado Dárcio Vieira Marques a Campinas nesta segunda para oferecer R$ 105 milhões, sem condicionantes, com pagamento de 30% à vista e depois em 12 parcelas iguais. 
Com a aprovação da Justiça, a entrada será depositada até o fim da tarde, em juízo. Como as execuções trabalhistas estão em torno de R$ 60 milhões, sobrariam R$ 45 milhões, a serem colocados à disposição para os débitos fiscais. Só após disso que o clube poderá ficar com o resto do dinheiro
Segundo Marques, a intenção da Maxion é se desfazer do estádio. Ele até abriu espaço para dialogar com o Guarani, mas descartou ajudar com a construção de uma nova casa. Mesmo sem saber o que fará, o representante prometeu orgulhar a cidade. 
– Isso é de interesse de todos. Vamos procurar o clube para ver o que a gente pode ajudar ou integrar. Vamos procurar os poderes públicos, as entidades municipais, universidade de Campinas. Sempre tivemos relação nessas frentes. Para Campinas, foi uma vitória – comentou o advogado da Maxion.
Se o Guarani acabar, não será apenas a Justiça do Trabalho que vai pagar esse preço. São 15 anos tentando resolver"
Ana Claudia Torres Vianna, juíza do Trabalho
– Campinas pode estar certa de que vai se orgulhar disso. Infelizmente a gente lamenta a história, mas a prefeitura certamente vai compensar essa perda com a cessão de outro imóvel. O Guarani vai se reerguer das cinzas. A gente tem vontade de ajudar, mas naturalmente um estádio custa bastante dinheiro. Tenho um outro caso que o clube perdeu tudo com dívidas, a prefeitura cedeu um terreno e surgiu uma nova arena, com outras contribuições – completou Marques. 
Como as ofertas no leilão anterior não agradaram nem à Justiça nem ao Guarani, o objetivo do encontro era detalhar as intenções das empresas para buscar um consenso. O Bugre estava representado pelo presidente Horley Senna e demais cartolas. A MMG Consultoria & Assessoria Empresarial Ltda, a Gold Business e a Lances Negócios Imobiliários, que anteriormente ofereceram R$ 46 milhões, R$ 70 milhões e R$ 65 milhões, respectivamente, também participaram. 
O empresário Roberto Graziano, proprietário da MMG e também da Magnum, parceira do Guarani, acompanhou a discussão, mas sem esboçar nenhuma reação. Pela Prefeitura de Campinas, quem marcou presença foi o secretário de Assuntos Jurídicos, Mário Orlando Galves de Carvalho. 
Logo no começo da discussão, porém, o lance da Maxion entrou na pauta. De cara, os números agradaram a juíza Ana Claudia Torres Vianna, uma vez que contemplavam inteiramente as dívidas e deixavam até uma sobra para outros
– Por outro lado, os cartolas bugrinos ficaram ainda mais apreensivos. Perder o Brinco para uma empresa sem nenhuma relação com o clube é um grande passo para acentuar a crise. 
Audiência Brinco de Ouro (Foto: Murilo Borges)Audiência pública acabou com arremate do Brinco de Ouro por R$ 105 milhões: Bugre se incomoda (Foto: Murilo Borges)
Palmeron Mendes Filho, presidente do Conselho Fiscal bugrino, tentou argumentar que, para o Guarani, o mais interessante era a aprovação da oferta inicial da Magnum, validado internamente em assembleia e que previa a construção de um centro comercial, de empreendimentos residenciais e de um shopping na área em troca de R$ 325 milhões para o clube, que usaria o valor para quitar as dívidas, erguer uma nova casa e recomeçar do zero. A magistrada rebateu que a empresa estava presente, mas nada fez para impedir o desfecho. 
A Maxion Empreendimentos Imobiliários pretende pagar os R$ 105 milhões com uma entrada de 30% e 12 parcelas iguais 
Sem sucesso, Horley deixou a sede do Tribunal Regional do Trabalho prometendo dificultar ao máximo a posse da Maxion. O primeiro passo foi já protestar contra a decisão e entrar com pedido de embargo. 
– Posso dizer que não vamos desistir, independentemente de quem desse o lance. O grupo não conhece nada do Guarani, nada da cidade e não imagina o tamanho do problema que eles estão arrumando. A prefeitura declarou que não pode garantir aprovação nenhuma. Vamos buscar o possível para evitar a arrematação – declarou Horley. 
Apesar do otimismo bugrino em salvar sua casa, a juíza considera complicada uma reviravolta. 
– Qualquer um pode entrar com embargo, mas pode ser responsabilizado com uma multa, caso seja considerado um ato de má fé. Infelizmente o desfecho não tenha contemplado os interesses imediatos do Guarani, mas talvez tenha sido um primeiro dia da resolução de um problema. Toda situação foi muito bem conduzida, com critério, estudando valores e a área. 
HISTÓRICO DO CASO

A possibilidade de perder o Brinco de Ouro por dívidas (que atingem R$ 250 milhões) faz parte da rotina do Guarani há anos. Os primeiros leilões, no entanto, acabaram sem prejuízos. Ainda na administração de Marcelo Mingone, em novembro de 2012, o clube conseguiu colocar um terreno que o Bugre tinha na Rodovia dos Bandeirantes como contrapartida e evitou a perda do estádio. No ano seguinte, a administração de Álvaro Negrão participou de um novo pregão, adiado por falta de lances. 

A atual diretoria apostou tudo em uma parceria com a Magnum, do empresário Roberto Graziano, para evitar a perda do complexo. Assim, convocou uma assembleia com sócios para aprovar o projeto de venda do Brinco. O grupo pagaria R$ 325 milhões, usados para quitar dívidas e reiniciar um patrimônio, em troca de toda a área que abriga o estádio. Tudo não saiu do papel.
Horley Senna e Roberto Graziano dirigentes Guarani (Foto: Paulo Vitor / Guarani FC)Horley Senna e Roberto Graziano na assembleia que aprovou exclusividade à empresa (Foto: Paulo Vitor / Guarani FC)


O projeto imobiliário acabou em 27 de novembro de 2014, quando, a pedido do presidente Horley Senna, Graziano usou uma de suas empresas para arrematar o Brinco por R$ 44,5 milhões, em leilão na sede da Justiça Federal. O que parecia salvação acabou como imensa dor de cabeça para cartolas e o empresário. Suspeitas de atividade ilícita e denúncias ao Ministério Público do Trabalho foram suficientes para anular a hasta pública meses depois.

A entrada da Justiça do Trabalho também foi determinante para os rumos do caso até a arrematação final, ocorrida nesta segunda-feira. O leilão feito na esfera federal foi anulado, uma vez que a parte trabalhista tinha mais interesse pelo valor da dívida (R$ 60 milhões de ações já executadas). Assim, em 18 de março, três empresas formalizaram lances pelo terreno que hoje comporta o estádio: MMG Consultoria & Assessoria Empresarial Ltda, Gold Business e Lances Negócios Imobiliários.

Todas as ofertas foram recusadas pela juíza Ana Claudia Torres Vianna e abriram espaço para que a Maxion Empreendimentos Imobiliários, com base em Porto Alegre, concretizasse a maior oferta feita até agora: R$ 105 milhões, pagos 30% à vista e em doze parcelas iguais. O grupo, que ainda não tem um projeto sobre o que fazer com a área do Brinco, descarta a utilização do local para jogos. O clube, por sua vez, aposta em embargos para manter o patrimônio.
Estádio Brinco de Ouro, em Campinas (Foto: Rodrigo Villalba / Memory Press)Atual estádio deve dar lugar a um empreendimento comercial em até um ano (Foto: Rodrigo Villalba / Memory Press)


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* http://tomoliveirapromotor.blogspot.com.br/2015/02/sp-justica-federal-marca-novo-leilao-do.html


fonte: http://globoesporte.globo.com/sp/campinas-e-regiao/noticia/2015/03/oferta-de-r-105-milhoes-arremata-o-brinco-e-deixa-o-guarani-em-apuros.html

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