Entrevista Com o Advogado Pedro Siqueira Que "Diz Conversar Com Nossa Senhora"





Lotando igrejas há 15 anos com um grupo que reza o Terço de forma bastante incomum, ele conversa com os santos, os anjos e os mortos. E hoje lança seu primeiro livro, “a pedido de Nossa Senhora”
Por Bruno Astuto
À primeira vista, o carioca Pedro Siqueira, 39 anos, é um cara normal. Torcedor (roxo) do Fluminense, formado pela PUC do Rio, dá expediente todos os dias na Advocacia Geral da União e ministra aulas de Direitos Administrativo e Processual Civil. Casado com outra advogada, Natália, espera o primeiro filho, mora em Botafogo, gosta de viajar e pratica jiu-jítsu nas horas vagas.
Tudo bem trivial não fosse Pedro o maior fenômeno da Igreja Católica que o Rio já conheceu nos últimos tempos. Há 15 anos vem lotando igrejas, — primeiro a Santa Mônica, no Leblon, hoje a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, na Gávea — todas as últimas terças-feiras do mês, com seu grupo de oração do Terço, em que ora, lê passagens da Bíblia, canta, toca violão e transmite cerca de 10 mensagens de santos, anjos e mortos, os quais, conta, vê e escuta desde criança.
Quando começaram as suas visões?
Minha mãe relata que a primeira vez que ela viu que havia algo de diferente foi quando eu, bebê, morri nos braços dela. Ela correu para chamar uma vizinha, me levou ao hospital e, de repente, eu ressuscitei. Lá em casa, as janelas batiam, a cama balançava, as coisas mexiam. Daí comecei a ter as visões, as audições e as coisas que falam dentro do meu peito. Às vezes, coisas muito ruins.
Esses fenômenos ainda continuam?
Teve um dia que começaram a aparecer tufos de cabelo pelo chão da casa; em outro, no banheiro social, as paredes apareceram cheias de fezes de morcego. Mas, no geral, não acontecem. De vez em quando, aparecem pessoas no Terço dizendo que estão possuídas, mas não estão.
Os médicos descartaram qualquer possibilidade de um caso clínico?
Tudo: neurologista, psicólogos, psiquiatras. Disseram que não havia nada clinicamente, que eu era uma pessoa normal, que não precisava de remédios. Era atleta, competia na natação. Minha mãe, então, pensou: ‘vou ter que colocar um cabresto nesse menino’ e me proibia de falar, para me proteger. Se meu filho também tiver o dom, eu agiria diferente.
Como era na escola?
Eu ficava na minha, porque tinha que me enturmar. Naquela época, o Santo Agostinho era só de meninos. Dentro da medida, eu tive uma vida normal, fora as visões. Saía, namorava, ia a matinês, mas sempre gostei mais dos esportes.
Você também vê mortos, mas a fé católica, de certa forma, proíbe a comunicação com eles.
No episódio da Transfiguração, Jesus se comunica com Moisés, e os apóstolos também o veem. Não existe nenhum dogma que proíba isso. O Padre Pio, que foi santificado pelo Papa João Paulo II, conversava com almas do Purgatório, por exemplo. Sou muito devoto dele.
Alguém na Igreja já lhe disse para parar?
Para parar não, mas, às vezes, vinha um padre pedindo que eu não desse as mensagens, que eu não falasse de cura, acho que por medo de algo que não está sob controle. Mas isso não está no controle de ninguém, nem do meu. Por uma política de boa vizinhança, eu não faço muita coisa que poderia fazer. Mas a Bíblia tem uma coisa muito interessante que é a questão de não chocar seu próximo.
Como reagem as pessoas do seu trabalho, na Advocacia Geral da União?
Eu trabalho na Procuradoria Regional. As pessoas no início ficaram chocadas, mas hoje se acostumaram, umas me pedem para rezar.
Suas visões o ajudam nos casos judiciais?
Não (risos). Nossa Senhora não me aparece, não se mete nisso. Acho que são assuntos muito mundanos para Ela. Com o tempo, eu aprendi a controlar o dom; no tribunal, por exemplo, não vejo nada.
Você tem medo de que as pessoas não acreditem em você?
Tem várias pessoas que não acreditam, várias. Até parentes meus, que acham uma bobagem. Eu realmente não ligo. Nada acontece por acaso; eu tenho uma missão a cumprir. Se Nossa Senhora escolheu essa missão para mim, eu faço por Ela, por amor a Ela. Se eu não fizesse, eu seria incompleto. Eu não posso me trancar e isolar do mundo como eu gostaria e ficar somente vendo e meditando.
E você considera isso um dom ou um fardo?
Todo dom é pesado, porque ele te exige muito. Tem épocas em que eu estou mais cansado, que eu não quero ir ao Terço, que sinto dores terríveis pelo corpo, pela coluna, pelas pernas, nas mãos. No começo, as reuniões eram semanais, agora são mensais, por causa do volume de trabalho. Eu sei que algumas pessoas vão ao grupo me vendo como uma atração de circo. Isso já me incomodou, mas hoje entendo que é um gancho que Nossa Senhora usou para divulgar o Terço.
Por que você tem esse dom e não eu, só para dar um exemplo?
Também gostaria de saber, mas todo dom passa pela individualidade. Na verdade,eu sou um homem das cavernas. Sou um cara cheio de manias, sou travado, não sou moderno, gosto de futebol, de lutar, não gosto de publicidade nem de aparecer. Mas entendo que seja necessário para divulgar o livro, que me foi pedido por Nossa Senhora numa peregrinação a Fátima. Eu não sou padre, não doutrino ninguém, só quero rezar o Terço. A mensagem do livro é que as pessoas têm que recuperar sua fé, porque sempre tem um momento na vida em que dinheiro e beleza não resolvem nada.
É verdade que o telefone só toca de lá para cá, como disse Chico Xavier?
É verdade. Não adianta a pessoa me procurar e pedir para falar com alguém. As pessoas precisam aprender a rezar por elas, pelo próximo, pelo irmão, pelo mundo e a não precisarem de mim para rezar. Eu saio com muitos pedidos de oração, mas seria melhor que a própria pessoa fizesse isso.
Você se considera o Chico Xavier dos católicos?
Nunca. Ele era um homem santo, puro, puríssimo.
Você disse que vê também espíritos maus. Quer dizer que eles existem?
Vejo, sim, e claro que existem, assim como existem pessoas boas e más.
E quanto ao assassinato das crianças de Realengo, que chocou o País?
Ele não estava possuído; era uma pessoa doente que não foi tratada. Ao que me parece, pela leitura da carta e pelo histórico, ele estava em surto. Tenho visto no grupo várias pessoas com problemas psicóticos, esquizofrênicos, depressivos que não são tratadas e atribuem seus problemas a uma natureza espiritual. O assassino, sem dúvida, terá que cumprir uma pena, mas sua perturbação mental será levada em conta. Temos também que orar por ele, porque Deus ama todos os Seus filhos.
Como uma mãe de Realengo pode ter fé depois de uma tragédia como essa?
Uma tragédia como essa significa que Deus ruiu a casa dela inteira para que tudo recomece do zero, com Ele. Porque isso aqui é passagem, nós estamos em trânsito. No início pode haver revolta, mas é preciso ter fé, porque a verdade está do outro lado.
http://odia.terra.com.br/portal/diversaoetv/html/2011/4/de_outro_mundo_156990.html
fonte:blog comosereformaumplaneta
foto de findallvideo.com
inserido em 30.08.2011

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