Artigo: Direito de falar e obrigação de ouvir ", de Edison Vicentini
Segunda Feira, 16 de Novembro de 2015
sobre o " arroubo retórico " de Lewandowski, o artigo a seguir ( " temos de ter paciencia de aguentar mais três anos sem nenhum golpe institucional...0 “Direito de falar e obrigação de ouvir!”, é de autoria de Edison Vicentini Barroso, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
contaminar por esta cortina de fumaça que está sendo lançada nos olhos de muitos brasileiros’.
sobre o " arroubo retórico " de Lewandowski, o artigo a seguir ( " temos de ter paciencia de aguentar mais três anos sem nenhum golpe institucional...0 “Direito de falar e obrigação de ouvir!”, é de autoria de Edison Vicentini Barroso, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Artigo: Des. edison Vicentini, do TJSP .( foto )
Eis a notícia, reproduzida na Folha: “Presidente do STF defende ‘aguentar três anos sem golpe institucional’”. É fato que merece comentário, vindo de quem veio.
Ricardo Lewandowski disse que o país precisa ter ‘paciência’ nos próximos três anos, sem embarcar num ‘golpe institucional’ que, afirma, pode pôr em risco as instituições democráticas.
Foi além, ao dizer: ‘Com toda a franqueza, devemos esperar mais um ano para as eleições municipais. Ganhe quem ganhe as eleições de 2016, nós teremos uma nova distribuição de poder. Temos de ter a paciência de aguentar mais três anos sem nenhum golpe institucional… Estes três anos [após o ‘golpe institucional’] poderiam cobrar o preço de uma volta ao passado tenebroso de trinta anos. Devemos ir devagar com o andor, no sentido que as instituições estão reagindo bem e não se deixando
contaminar por esta cortina de fumaça que está sendo lançada nos olhos de muitos brasileiros’.
A fala do presidente do STF aconteceu em palestra em faculdade de São Paulo – a FADISP, e precisa ser compreendida e respondida.
Uma primeira observação: o ministro parece não ter falado como só cidadão, mas envergando a toga de magistrado do mais alto tribunal do país. Aliás, na atual conjuntura, coisas quase indissociáveis.
Uma segunda observação: cabe ao presidente do Supremo posicionar-se incisivamente a favor da manutenção do mandato de Dilma Rousseff – pois disso se tratou –, qual se fora defensor escancarado da manutenção do estado de coisas atual, sob a capa do discurso fácil – quiçá, politicamente correto – de que é preciso, a todo custo, evitar golpe institucional?
Mas, o que é golpe? Cumprimento da lei é golpe? Processo de impeachment, nos termos da Constituição Federal, é golpe?
Decididamente, isto não é fala de juiz, mas de político travestido de juiz, na manifesta defesa dum partido e duma presidente, hoje, sob o fogo cerrado de críticas fundadas, por baseadas em evidências decorrentes de provas.
Que o diga, por exemplo, o episódio da Lei de Responsabilidade Fiscal.
E qual o risco às instituições democráticas, caso se cumpra a lei e se faça, precisamente, aquilo que se deve fazer? Não equivaleria isso, isto sim, ao regular funcionamento das instituições?
Melhor seria ao ministro, enquanto tal, ater-se às coisas do Tribunal que por agora dirige, sem imiscuir-se em seara alienígena, própria ao campo político/partidário.
Afinal, não fica bem, àquele que, possivelmente, há de analisar e julgar processos relativos à questão, antecipar-se em considerações reveladoras de prévio juízo de valor.
Até o presidente do STF há de ter limites! Falar-se abertamente, como se falou, dá-nos o exato sentido e a inequívoca percepção de que, no palanque político, o mais alto representante do Judiciário do Brasil tem lado definido, em consonância com os termos de seu ‘discurso’ – de molde a afetar, até, a imparcialidade ínsita ao verdadeiro magistrado.
Aparentemente, no contexto em que mencionada a expressão ‘cortina de fumaça’, Lewandowski se referiu à crise artificial, de fundo mais político que econômico. Ora, estas interagem – por atuação direta das ações e omissões do partido no Poder, a encontrar defensores onde menos se espera!
Uma fala inapropriada pode gerar outra, apropriada à elucidação do fato e pronta à recomposição de ideias – do que se faz.
Porém, o tempo é precioso e o despropósito das palavras fala por si, a desmerecer maior consideração.
fonte: Blog do Fred/Folha
na íntegra
foto capturada no blog tomoliveirapromotor
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