Política: Após críticas do ministro Luís Roberto Barroso, Bolsonaro intensifica ataques ao sistema eleitoral...
Quinta feira, 28 de Abril de 2022
Tom Oliveira *
Meus amigos,
No domingo, 24 de abril, o ministro do STF e ex presidente do TSE - Tribunal Superior Eleitoral, ao participar de um seminário por videoconferência sobre o Brasil promovido pela universidade Hertie School, de Berlim, na Alemanha, disse que as Forças Armadas estão sendo orientadas para atacar o processo" eleitoral brasileiro e "tentar desacreditá-lo" e que "desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis". Imediatamente, Bolsonaro ordenou que o Ministério da Defesa respondesse o ministro Barroso. Em Nota, divulgada ainda na noite do domingo, 24, o ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que deixou o comando do Exército há cerca de um mês para assumir o cargo, diz que repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que elas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia, porque "afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas Instituições Nacionais Permanentes do Estado Brasileiro", diz a Defesa, ressaltando que a fala do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) "afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições".
Era o que Bolsonaro queria para corroborar os ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Ontem quarta, 27, Bolsonaro disse a uma plateia formada por parlamentares da chamada bancada BBB ( Bíblia, Bala e Boi ) que as Forças Armadas sugeriram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que militares façam uma contagem paralela dos votos nas eleições. A declaração foi feita ao fim de um ato político no Palácio do Planalto com deputados governistas, que teve como estrela Daniel Silveira, o mesmo que teve a pena perdoada pelo presidente logo após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atacar instituições da democracia. Bolsonaro afirmou que uma das propostas das Forças Armadas ao TSE para as eleições deste ano é um computador próprio para receber os votos a fim de que os militares façam uma apuração própria. Ou seja: os militares atuariam como juízes do processo eleitoral, total inversão dos fatos.
Bolsonaro e seus seguidores acreditam piamente que o sistema eleitoral pátrio é falho, pois na sua eleição deveria ter ganho logo no primeiro turno, e propaga a teoria conspiratória, sem nenhum embasamento, de que existe uma meia dúzia de pessoas escohidas a dedo pelo presidente do TSE e que tem acesso a uma sala secreta, após as eleições.
“Quando encerra eleições e os dados chegam pela internet, tem um cabo que alimenta a ‘sala secreta do TSE’. Dá para acreditar nisso? Sala secreta, onde meia dúzia de técnicos diz ‘quem ganhou foi esse’. Uma sugestão é que neste mesmo duto seja feita uma ramificação, um pouco à direita, porque temos um computador também das Forças Armadas para contar os votos”, afirmou o presidente Bolsonaro.
A declaração foi feita na quarta-feira (27), ao fim de um ato político no Palácio do Planalto com deputados governistas, que teve como estrela Daniel Silveira, o mesmo que teve a pena perdoada pelo presidente logo após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atacar instituições da democracia.
O TSE - Tribunal Superior Eleitoral, já explicou a situação e quem trabalha no ramo ( juiz eleitoral, promotor e/ou servidor ) sabe que a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica e logo após o encerramento da votação. Quando acaba, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco. O fiscal do partido/candidato a tudo acompanha. Neste ano, o Tribunal mudou o procedimento e centralizou a totalização dos votos em Brasília, com anuência dos partidos e aprovação da PF - Polícia Federal que, em relatório, disse que a totalização de votos das eleições no TSE, em Brasília, iria minimizar a exposição dos dados e teria potencial de melhorar “consideravelmente a segurança operacional” do sistema.
Não custa lembrar: o TSE já houvera convidado as Forças Armadas para a Comissão de Transparência das Eleições a qual foi representada pelo general de divisão, Héber Garcia Portella que, por sua turno, fez indagações em dezembro de 2021, na véspera do recesso, sobre o sistema eleitoral, cuja perguntas foram vazadas ao público. Barroso, o ministro, explicou a situação: " o que há de minimamente verdadeiro: há um representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência das Eleições. Em dezembro, ele apresentou uma série de perguntas para entender como funciona o sistema. Elas entraram às vésperas do recesso. Em janeiro, boa parte da área técnica do TSE faz uma pausa, e agora as informações solicitadas estão sendo prestadas e vão ser entregues na semana que vem. Só tem perguntas. Não há nenhum comentário. Não falam de vulnerabilidade. "
Os ataques bolsonaristas ao sistema eleitoral, portanto, é " filme repetido ", certamente já preparando o terreno para agir em caso de derrota nas eleições deste ano.
Quem viver, verá !
* O autor é editor do blog
Fontes: https://revistaforum.com.br/politica/2022/4/25/ministro-da-defesa-ataca-barroso-diz-que-ofensa-grave-fala-sobre-sistema-eleitoral-113427.html
https://www.otempo.com.br/politica/governo/bolsonaro-quer-que-militares-facam-apuracao-paralela-em-computador-proprio-1.2660148
https://revistaforum.com.br/brasil/2022/2/17/deputado-bolsonarista-ataca-barroso-com-trocadilho-urnas-penetraveis-110333.html
Imagem: capturada em https://tveradiocba.com/index.php/2022/04/27/bolsonaro-defende-que-militares-facam-apuracao-paralela-de-votos-nas-eleicoes/
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