Consciência negra: De Esperança Garcia, negra e escrava, a Adriana Cruz, Juíza Federal

 Sexta Feira, 20 de Novembro de 2020


Esperança Garcia foi reconhecida como a primeira advogada do Piauí pela seccional da OAB no estado e empresta nome ao auditório da UNB e a memorial em Teresina
Reprodução/EDUFPI/OAB-PI

Mulher, negra, escravizada e provavelmente autora do "primeiro Habeas Corpus" que se tem registro no Brasil. É uma versão resumida do legado de Esperança Garcia. Ela escreveu uma carta ao governador do Piauí em 1770 que a fez ser reconhecida em 2017 como a primeira advogada do estado pela seccional piauiense da OAB. 

No texto, Esperança se queixa de uma série de maus tratos praticados pelo administrador da fazenda em que vivia. A carta foi documentada pelo historiador Luiz Mott em 1979. O reconhecimento por parte da OAB-PI é fruto de uma pesquisa de dois anos sobre a personagem realizada pela Comissão Estadual da Verdade e da Escravidão Negra da entidade.


Juíza Federal Criminal no Rio

A autodeclarada mulher preta Adriana Cruz, juíza Federal da 5ª vara Criminal do RJ, afirma que o Judiciário ainda precisa caminhar muito para a igualdade racial. Com efeito, uma pesquisa de perfil demográfico dos magistrados brasileiros do CNJ mostrou que o número de magistrados negros e negras na Justiça é "escandaloso", segundo Adriana Cruz.

(Imagem: Montagem Migalhas)

(Imagem: Montagem Migalhas)

Em meio a um Judiciário predominantemente branco e masculino, indagamos à juíza qual o sentimento de ser uma magistrada negra: "É preciso coragem (...) Esse lugar é meu e esse lugar é de todas as pessoas negras que aqui queiram estar".




                                              juíza federal Adriana Cruz



Atualmente, existe em Teresina, capital do Piauí, o Centro de Referência da Mulher em Situação de Violência - Esperança Garcia, implantado pela Prefeitura de Teresina e locaalizado no centro da cidade, rua Benjamin Constant, próximo a praça Landri Sales ( colégio Liceu piauiense ). 

20 de Novembro é " o dia de lembrar o triste assassinato de Zumbi, que é considerado herói nacional por lei, e de combate ao racismo". A lei federal de 2011 (12.519) institui o 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.


Leia a carta de Esperança Garcia na íntegra:

“Eu sou uma escrava de Vossa Senhoria da administração do Capitão Antônio Vieira do Couto, casada. Desde que o capitão lá foi administrar que me tirou da fazenda algodões, onde vivia com o meu marido, para ser cozinheira da sua casa, ainda nela passo muito mal. A primeira é que há grandes trovoadas de pancadas em um filho meu sendo uma criança que lhe fez extrair sangue pela boca, em mim não posso explicar que sou um colchão de pancadas, tanto que cai uma vez do sobrado abaixo peiada; por misericórdia de Deus escapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar há três anos. E uma criança minha e duas mais por batizar. Peço a Vossa Senhoria pelo amor de Deus ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar ao procurador que mande para a fazenda aonde me tirou para eu viver com meu marido e batizar minha filha”





fontes:Conjur e migalhas

imagem da juiza de Ajufe

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