Presidente da Associação Advogadas Paulistas : Mulheres em cargo de comando e poder representam um ganho significativo",

 Segunda feira, 08 de Março de 2021


Os 30 anos de atuação de Viviane Girardi na advocacia fizeram dela uma profissional preparada para enfrentar todos os (muitos) obstáculos da profissão. Ainda assim, ela iniciou 2021 com um bom motivo para sentir um frio na barriga: nos primeiros dias do ano, a doutora em Direito Civil pela USP se tornou a primeira mulher a ocupar a cadeira de presidente da Associação de Advogados de São Paulo (Aasp), uma das mais tradicionais entidades de classe do Direito brasileiro.

Não é pouca coisa, afinal neste ano a associação vai completar seu 78º aniversário. Tendo a apoiá-la uma diretoria majoritariamente feminina, Viviane enfrenta o desafio de mostrar ao mundo do Direito que uma mulher é capaz de conduzir tão bem quanto qualquer homem, ou melhor, uma entidade que representa uma classe tradicionalmente masculina. Mais uma vez, não é pouca coisa.

Como a nova comandante da Aasp faz questão de ressaltar, há muitas mulheres na advocacia, mas elas estão concentradas na base da profissão, longe dos postos de comando — seja nos escritórios, seja nas associações classistas. E Viviane sabe muito bem que um bom desempenho no comando da associação pode dar força para uma mudança nesse quadro.

Em entrevista exclusiva à ConJur, a presidente da Aasp (que já foi diretora cultural, segunda secretária, primeira secretária e vice-presidente da entidade) fala sobre a grande responsabilidade de cumprir o papel de pioneira, a situação da advocacia brasileira em tempos de "lava jato" e o que será da profissão quando a crise causada pela Covid-19 passar.

Leia a seguir a entrevista:

ConJur — Qual a importância para a advocacia brasileira de uma entidade tão tradicional como a Aasp ter, enfim, uma mulher na presidência?
Viviane Girardi — O significado é bastante importante, tem impacto e revela muita coisa. Revela, por exemplo, que as entidades perceberam que a representatividade feminina é importante, até porque nós representamos uma base significativa dos associados. Nós já tínhamos, na verdade já temos, uma certa igualdade em termos do exercício da profissão. O que a gente ainda almeja é uma igualdade maior em termos de representação, já que a presença masculina nos cargos de poder é muito maior do que a das mulheres. Mas nós temos hoje a secretária municipal de Justiça (da cidade de São Paulo, Eunice Prudente), a procuradora-Geral do Estado (de São Paulo, Maria Lia Pinto Porto Corona)... Então essa transformação da sociedade está fazendo com que esse movimento acabe acontecendo.

ConJur — No Brasil, as mulheres já são maioria nos cursos de Direito e entre advogados de até 40 anos, mas, como você disse, ainda têm pouca participação nos cargos de comando, inclusive nos escritórios. Como mudar esse quadro?
Viviane Girardi — Isso é um reflexo da história. Ou melhor, da sociedade. O curso de Direito sempre foi masculino, o Poder Judiciário sempre foi um espaço majoritariamente masculino, porque a sociedade era assim. Hoje a gente já superou isso. As faculdades mostram que, na verdade, todas as profissões podem ser exercidas indistintamente por homens ou por mulheres. Mas nós ainda temos dentro dos escritórios de advocacia, das empresas, dos departamentos jurídicos, e mesmo dentro do Judiciário, uma estrutura que reflete o momento anterior. Então isso é um dado. E é indiscutível que as mulheres são mais sobrecarregadas porque ainda cuidam das questões relacionadas à família e à casa, a sociedade ainda não absorveu isso como uma coisa que deve ser compartilhada. Esse também é um sobrepeso na carreira das mulheres.

ConJur — Há uma questão cultural a ser superada?
Viviane Girardi — Ainda não há um compartilhamento igualitário das tarefas domésticas com os homens, com os pais. Então, obviamente, isso é um fator que pesa, que pressiona a carreira das mulheres. E que dificulta, por sua vez, que elas subam aos postos de comando e direção. Não impede, mas dificulta. Para resolver isso, primeiro as instituições e as empresas, os escritórios de advocacia, precisam ter consciência disso, já que o ganho que as mulheres dão aos cargos de comando e de poder é significativo. A gente tem competências, skills, exatamente iguais aos dos homens, mas a gente também tem uma visão mais criativa, muitas vezes inovadora para contribuir com os ambientes de trabalho e com a gestão dos negócios, no caso dos escritórios.

ConJur — O que mais a advocacia ganha com uma maior presença maior feminina no comando?
Viviane Girardi — De modo geral, todas as pesquisas mostram que quando você tem diversidade dentro do comando, a gestão é mais criativa. A diversidade traz esse ganho. Os homens, historicamente, não são tão sensíveis, então eu acho que esse olhar que as mulheres têm, de mais cuidado com as pessoas, é um fator que contribui para a melhoria da gestão. Agora, indiscutivelmente, do ponto de vista da administração, as competências das mulheres são iguais às dos homens.

E outra coisa que eu percebo é que as mulheres não têm um anseio muito grande de poder, mas de transformar os ambientes, fazer as mudanças. E isso é uma visão mais contemporânea da gestão. É uma gestão preocupada com os negócios, mas também com as pessoas.

íntegra da entrevista em

https://www.conjur.com.br/2021-mar-07/entrevista-viviane-girardi-presidente-aasp






fonte: Conjur

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