Política: As acusações entre Moro x Bolsonaro. Releia os tópicos principais.

Domingo, 26 de Abril de 2020


Esmigalhando o xeque-mate Bolsonaro x Moro
O dia de ontem foi atribulado e todos bem sabem. Reunimos abaixo um pot-pourri do que aconteceu, com alguns comentários e análises. Boa leitura.
Denúncia
Na manhã de ontem, Sergio Moro apontou crime de responsabilidade do presidente da República. (Clique aqui)
Bomba
Falsificação de assinatura, interferência na PF e tantas outras foram as graves revelações de Moro ao sair do MJ. (Clique aqui)
Arrependimento eficaz?
No fim da tarde o governo soltou outro ato de exoneração de Valeixo, sem a assinatura de Moro, a qual tinha dito que não reconhecia no ato anterior. No novo documento constou também a exoneração, a pedido, do ex-juiz Federal. (Clique aqui)
Vício?
A propósito do "a pedido" de Valeixo, o próprio Bolsonaro confessou que ligou para o subordinado perguntando se poderia pôr daquela forma, como se ele (Valeixo) houvesse pedido. Ou seja, como o delegado continuaria a ser funcionário público, como de fato o é, a "consulta" presidencial pode muito bem ser caracterizada como uma coação.
Pode isso, Arnaldo?
Do que foi dito por Moro, algo chamou a atenção: o ex-magistrado teria condicionado aceitar o cargo à garantia de pensão à família caso algo lhe acontecesse. (Clique aqui)
Fato típico
Sobre a nota anterior, se houve o pedido dessa vantagem que até onde se sabe é indevida, estamos diante de um tipo penal que Moro bem conhece. E se bem conhece, por que confessou? Porque, queremos crer, como é para si próprio, talvez tenha achado que não houvesse problema. Afinal de contas, falemos sem refolhos, o bem e o mal sempre estiveram sob ele.
Inquérito no STF – Quem é o alvo?
Aras pediu a abertura de inquérito para investigar as declarações de Sergio Moro. Diz-se que tanto o presidente, pelos supostos crimes apontados, como Moro, por eventual denunciação caluniosa, são investigados. Mas um arguto migalheiro observa que não, o ex-ministro não pode ser investigado diretamente no STF, porque perdeu a prerrogativa de foro. De modo que o investigado será único. O caso caiu com o ministro Celso de Mello, que precisará de bom auxiliar no gabinete para dar agilidade ao inquérito, que tem demandas sempre muito específicas. (Clique aqui)
Contra-ataque
Na coletiva em que prometeu "restabelecer a verdade", Bolsonaro disse que Moro propôs troca de Valeixo após sua nomeação ao STF. Um toma lá dá cá intuitivamente bem colocado para tentar tisnar a imagem de impoluto de Moro. (Clique aqui)
"Conhecereis a verdade"
O discurso do presidente Bolsonaro foi uma típica sessão de psicanálise freudiana, conhecida como associação livre. O presidente sentou-se no divã, no caso ficou de pé no púlpito, e falou o que lhe veio à cabeça. Convém, pois, consultar profissionais especializados, porque está ali, naquele discurso desenxabido, a verdade sobre quem é nosso presidente da República. Como não somos da área, deixemos isso de lado por agora.
Judas – Traidor – Moro
Um ponto do discurso presidencial foi preparado. E tanto o foi que Bolsonaro repetiu duas vezes a cena onírica. Disse que tomou café da manhã com deputados, e falou a eles que naquele dia conheceriam uma pessoa que ia buscar uma maneira de botar uma cunha entre ele e o povo brasileiro. A pintura presidencial, feita com pincel atabalhoado, era a imagem da última ceia de Cristo, quando Jesus profetiza a traição de Judas.
Moro Iscariotes
A propósito da nota anterior, é a pecha que os bolsominions estão querendo colar em Moro, seguindo o mandamento do líder: "Moro é um traidor".
Pergunta que não quer calar
Como o tradutor de libras explicou o verbo "escrotizar", que saiu do orifício bucal presidencial? Será que foi neste momento? Clique aqui para ver.
Pronto para partir
Paulo Guedes, de máscara e descalço, estava impagável. Era o único que seguia a recomendação das autoridades mundiais sanitárias. Veja aqui.
Do Brasil para os EUA
Falando em recomendação de saúde, e fazendo um aparte na disputa nacional, é preciso contar a trapalhada de ontem do ídolo de Bolsonaro, Donald Trump. O presidente ianque teria dito que tomar o detergente lysol limparia o corpo de coronavírus. Vários imbecis seguiram a ordem e foram parar no hospital. A empresa que fabrica o produto chegou a implorar para que as pessoas não usassem no corpo, nem bebessem. Ao fim do dia, Trump disse que era apenas uma peta com os jornalistas, para ver a reação deles. (Clique aqui)
Furada
Mas voltando à entrevista coletiva de Bolsonaro, a fisionomia de alguns integrantes do governo que o ladeavam, entre eles a ministra da Agricultura e o presidente do BC, era absurdamente constrangedora. Estava estampada em seus rostos a pergunta: "- O que é que estou fazendo aqui?"
Público x Privado
Ainda na foto da entrevista, a presença do filho do presidente e do amigo que lhe anda a tiracolo, demonstram a pouca preocupação de S. Exa. em separar o público do privado. Se bem que para quem se acha proprietário da Constituição, isso é merreca infraconstitucional.
Do Telegram para o WhatsApp
Rebatendo com provas as acusações feitas por Bolsonaro, Moro entregou print de mensagens, apresentadas ontem no Jornal Nacional, trocadas com Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli, cujo casamento recentemente apadrinhou. Nelas, quem sugeria a troca do comando da PF pelo cargo de ministro do STF teria sido a deputada. (Clique aqui)
"Mudam-se os tempos..."
A deputada bem que poderia repetir a cantilena de que "não reconhece as mensagens", tanto dita por Moro quando o The Intercept revelou a constrangedora e ilegal interferência de Moro na condução da Lava Jato.
Suspeição
Falando em mensagens do Telegram, importante lembrar que a expectativa é de que o STF julgue em breve a suspeição de Moro alegada no caso do ex-presidente Lula (HC 164.493). Processo está concluso ao relator Fachin. Em dezembro, a PGR se manifestou contrária aos pedidos da defesa (clique aqui).
Documentando
Como se notou pelo horário do print das mensagens trocadas com Carla Zambelli, Moro as copiou logo que houve a conversa, o que mostra que estava reunindo arsenal. (Clique aqui)
Pólvora
E por falar em arsenal, alguém duvida que ele exista? Bolsonaro ameaçou trocar o chefe da PF há vários meses, e a todo momento havia tentativa de interferência. O que ele acha que Moro, Valeixo e equipe fizeram nesse período? Melhor a trupe presidencial pôr as barbas de molho.
Polícia Federal
É quase certa a escolha do delegado Alexandre Ramagem como novo diretor-Geral da PF, substituindo Mauricio Valeixo. Atual diretor da Abin, Ramagem comandou na PF as divisões de Administração de Recursos Humanos e de Estudos, Legislações e Pareceres. Após o atentado sofrido por Bolsonaro durante a campanha, tornou-se segurança do presidente nas eleições. Coitado, já entra com a pecha de que está ali para fazer serviço sujo.
Livre escolha, pero no mucho
Bolsonaro disse, repetiu e twittou que é poder dele escolher o chefe da PF. Trouxe até o texto legal no qual consta tal informação. Mas a coisa não é bem assim. Os atos discricionários não estão imunes à análise dos motivos determinantes. De modo que, como adredemente colocou Moro em sua fala, se o motivo para a troca do diretor da PF é a preocupação com inquéritos nos STF, a troca é manifestamente ilegal. Aliás, certamente não escapou da memória de Moro que foi ele próprio, com o episódio do grampo na presidente Dilma, que conseguiu impedir Lula de assumir a Casa Civil, em março de 2016, cuja atribuição é de livre (entre aspas) escolha de quem ocupa a presidência.
????
"É preciso saber o que o presidente teme?" Pergunta a Folha de S.Paulo em editorial.
Inédito
Uma informação exclusiva aos migalheiros: logo que Bolsonaro convidou Moro para o MJ, no dia anterior da viagem ao RJ, quando então foi aceito o convite, Moro foi para a superintendência da PF em Curitiba. Ali ficou por horas reunido com Valeixo, o que mostra o prestígio que lhe dava e que se comprovou com a indicação para o comando da instituição. Os procuradores da República, no chat do Telegram, acompanharam atentamente, e demonstravam até mesmo ciúme e uma pitada de mágoa por não terem sido consultados e nem ouvidos. De meia em meia hora, um deles perguntava ao outro se Moro ainda estava lá, reunido com Valeixo, e a cada confirmação mais um desabafo dos procuradores. Neste ínterim, o subserviente Deltan quis que os colegas assinassem uma carta de apoio a Moro, se aceitasse o cargo. Uma das procuradoras, talvez a mais falante delas, foi contra. E emendou dizendo que a nota ideal para Moro seria ele próprio dizer assim: “Se tudo der certo, serei presidente da República. Se tudo der mais ou menos, serei ministro do Supremo. Se tudo der errado, serei o advogado mais rico do país.” Pelo visto, sabia das coisas a doutora.
Tudo como dantes...
Não há clima político, no momento, para que se leve adiante o discurso de Moro. Primeiro, porque Moro não é um mister simpatia, e não granjeou amigos em Brasília. Segundo, que a maioria dos políticos já não gostava dele do tempo da Lava Jato, e não é agora que lhe vão dar ouvidos. Terceiro, que infelizmente muitos fariam a mesma coisa que Bolsonaro, tentando interferir na PF. Com muito mais jeito, mas fariam (atire a primeira pedra quem diz que não). Quarto, e último, eles veem Moro como um concorrente político outsider, que possui uma imensa e perigosa popularidade.
Cota da diversão
Os melhores memes da disputa Moro x Bolsonaro você confere aqui.
Correu o mundo
OAB, governadores, políticos e entidades diversas se manifestaram sobre rompimento do ex-juiz Federal com governo Bolsonaro. (Clique aqui)
Apoio
"É inconcebível que o presidente da República tenha acesso a informações sigilosas ou que interfira em investigações", disse a esquecida força-tarefa da Lava Jato de Curitiba. (Clique aqui)
De Curitiba para o mundo
Veja a trajetória de Sergio Moro, direto do Paraná, até a saída do governo Bolsonaro, em Brasília. (Clique aqui)
Herói nacional
No auge da Lava Jato, Sergio Moro foi aclamado como aquele que "salvou o ano". A histórica revista Time o elegeu, inclusive, como uma das 100 personalidades mais influentes. Relembre aqui.
Equipe
Como esperado, muitos cargos serão trocados no ministério da Justiça e Segurança Pública. Luciano Benetti Timm, secretário nacional do Consumidor, foi um dos primeiros a anunciar que deixará a pasta. (Clique aqui)




Fonte: Migalhas
imagem de headopics.com

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