Vida de magistrado do interior: Quando o segredo de justiça é imprescindível...

Sexta Feira, 18 de Outubro de 2013

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Distr













Distribuída a ação a uma Vara do Trabalho - única em cidade gaúcha de médio porte - o diretor de secretaria, como de praxe, efetuou breve leitura da petição inicial, para verificar se estavam observados os requisitos exigidos para a notificação do reclamado.

Parecia ser mais uma entre inúmeras demandas postulando horas extras, não fosse a peculiaridade da prova requerida. Diante do inusitado, o diretor telefonou para o juiz.
Doutor, o reclamante era porteiro de motel e está pedindo horas extras, teria de trabalhar até as 14 horas, mas ficava até as 18 – o diretor explicou.

Mas há algum pedido de urgência? – o juiz pediu detalhes.

Não.

Então, inclua em pauta normal de audiências – determinou.

- É que daí os autos vão ficar rolando aqui pela vara uns dois meses, e talvez isso não seja recomendável... – respondeu o serventuário.
- Não estou entendendo! - rebateu o magistrado.

É que há um pedido de...de expedição de ofício ao Detran. O reclamante indicou várias marcas e placas de automóveis de clientes que seriam ´habituês´ no horário em que alega ter feito horas extras. E a petição requer que Vossa Excelência determine sejam informados os nomes dos proprietários dos veículos, a fim de que possa identificar essas pessoas e convidá-las para serem suas testemunhas.

Ora! Na audiência, eu indefiro o requerimento e pronto. Cabe à parte identificar as suas testemunhas.

Mas doutor, é que a placa do seu carro é a primeira da relação. E outros servidores podem perceber. O senhor sabe como é cidade do interior... – alertou o servidor.


- Se é assim, estamos diante de uma tutela de urgência. Abra um horário especial na pauta e permita que só as partes examinem os autos, pois pelo interesse público envolvido, a partir de agora o processo deve tramitar em segredo de justiça – o juiz determinou.
A audiência foi designada para dez dias depois. Na solenidade, o magistrado estava com paciência e bom humor como em nenhum outro dia de sua carreira. Espicha daqui, puxa dali, recomenda acolá, o juiz conseguiu que um acordo fosse celebrado - e com pagamento imediato.

Bom pra vocês, bom pra Justiça, bom pra todos nós - disse cumprimentando as partes e seus advogados.

"Cumprido o acordo, arquivem-se os autos" – foi a tradicional frase final do termo.

Um sorriso feliz do juiz evidenciava a satisfação pelos esforços conciliatórios, ao melhor estilo “escapei desta”.





na íntegra
Charge de ..Gerson Kauer


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