Rio Pode Ganhar Duas Santas, Odetinha e Princesa Isabel

Sexta Feira, 18 de janeiro de 2013


Dom Orani comenta processo de beatificação de Odetinha


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Capa_Coletiva_Odetinha_240x160O arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), dom Orani João Tempesta, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira, 16 de janeiro, na qual falou sobre o início do processo arquidiocesano de beatificação da Serva de Deus Odette Vidal de Oliveira, “Odetinha”. A coletiva foi realizada na sede da arquidiocese do Rio.
Dom Orani agradeceu a presença de todos os comunicadores e destacou que a ocasião antecedeu um momento inédito e histórico para todos os fiéis da arquidiocese: a abertura de um processo de beatificação, que será realizada nesta sexta-feira, 18 de janeiro.
"Nunca é demais recordar que, quando há um certo clamor popular, a Igreja sempre procura investigar para poder colocar aquele ou aquela que morreu com fama de santidade como um exemplo de vida que pode ser sinal também para que saibamos que em todas as épocas da humanidade e em todos os momentos das nossas vidas temos a oportunidade de nos santificar", afirmou.  O vigário episcopal para os Institutos de Vida Religiosa, Sociedades de Vida Apostólica e Novas Comunidades, dom Roberto Lopes, também participou da coletiva. Ele fez uma breve apresentação sobre a história de vida de Odetinha e sua família, relatando que ela viveu em um ambiente de rica formação cristã. Após fazer a primeira comunhão, com sete anos de idade, ela tornou-se catequista.
"De acordo com a comissão histórica, no dia do sepultamento da Odetinha – 25 de novembro de 1939 –, já havia manifestações do povo de Deus e existem relatos que enquanto seu corpo ainda estava na Praia de Botafogo uma multidão já chegava ao cemitério São João Batista", contou dom Roberto.
O processo
O postulador das Causas dos Santos, no Vaticano, Paolo Vilotta, afirmou que se surpreendeu durante a exumação do corpo de Odetinha, realizada no último dia 10 de janeiro, pois encontrou uma grande quantidade de ossos, o que não é normal tendo em vista o tempo em que a Serva de Deus já havia sido sepultada. Paolo explicou ainda cronologicamente um pouco da metodologia utilizada no caso de Odetinha.
"O primeiro passo foi um encontro aqui no Rio de Janeiro com o arcebispo e a Comissão Arquidiocesana. Logo depois dom Orani fez um pedido a Congregação das Causas dos Santos, que não responde sozinha, mas solicita que outras congregações do Vaticano respondem também. Após a resposta com o “nihil obstat” vindo de Roma, começa a parte mais importante do trabalho que são as pesquisas não para reconhecer milagres, mas para reconhecer a venerabilidade, se ela viveu as virtudes em grau heróico, que são: a fé, a esperança, a justiça, a caridade, a humildade, a castidade, e tudo o que conserve a virtude em grau heróico, em um grau mais elevado, e não são todas as pessoas que conseguem viver essas virtudes assim", ressaltou.
Sobre a expectativa dos fiéis para receber o corpo de Odetinha, o responsável pela Associação Cultural Odetinha, cônego Marcos William Bernardo, contou que eles veem esse translado como uma graça. "A comunidade se prepara em festa e já estamos preparando um lugar adequado para ela. Em seguida pensamos em um memorial onde teríamos a reprodução do próprio túmulo com um pouco da história e dos objetos dessa Serva de Deus, e isso fica sob a responsabilidade da Associação Cultural Odetinha", contou o cônego.

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Santa princesa Isabel?

Historiadores e movimento negro questionam projeto para beatificar a responsável por assinar a Lei Áurea, que acabou com a escravidão no País

João Loes
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FIEL
Além de ter assinado a Lei Áurea, a princesa Isabel, segundo
entusiastas e críticos da sua beatificação, era muito religiosa
Na mesa do arcebispo do Rio de Janeiro, d. Orani João Tempesta, repousa uma indigesta questão que ele está sendo pressionado a resolver. Desde que o pedido de abertura do processo de beatificação da princesa Isabel foi oficialmente apresentado ao religioso, autoridade máxima da Igreja do Rio de Janeiro e única figura com investidura legal para dar início à causa, o arcebispo se encontra em delicada situação, acuado entre grupos de católicos. De um lado estão os que defendem com fervor a santificação da princesa, filha de d. Pedro II e signatária da Lei Áurea, liderados pelo escritor e professor curitibano Hermes Rodrigues Nery, um estudioso da família real brasileira. De outro, estão historiadores e parte do movimento negro, que questionam o papel de protagonista de d. Isabel na abolição dos escravos e não querem vê-la num altar de jeito nenhum. Diante de uma causa de beatificação envolta em polêmica, d. Orani retarda uma resposta sobre o início – ou não – do processo. Alheio às questões políticas, Nery, postulador que pesquisou durante meses documentos em lugares como os arquivos do Museu Imperial de Petrópolis e bibliotecas do Brasil, para levantar detalhes da vida da princesa e preparar sua biografia, pede uma definição. Segundo especialistas,  a causa pela beatificação da princesa até tem força para caminhar, mas uma avalanche de complicadores certamente surgirão durante o processo. Afinal, d. Isabel está longe de ser uma unanimida.IEpag50a52_isabel-2.jpg
Para os críticos, esse esforço da monarquia em pintar a princesa e suas ações como fundamentais para o fim da escravidão tinha razão óbvia e pouco nobre. Em 1888, a realeza vivia seus últimos momentos em um Brasil já dominado pelos republicanos. Associar-se a uma causa tão popular quanto o abolicionismo era uma das últimas esperanças de dar sobrevida ao regime. Não seria fácil, porém, convencer o povo de que os motivos da coroa para tanto entusiasmo com a abolição eram nobres e legítimos. Afinal, desde 1850, quando a Inglaterra proibiu o tráfico internacional de escravos, a abolição virou assunto corriqueiro no País. Com leis como a do Ventre Livre, de 1871, e dos Sexagenários, de 1885, a causa ganhou ainda mais visibilidade. “Quando chegou 1888, era evidente que insistir na manutenção do regime escravocrata não fazia mais sentido”, afirma Roderick Barman, professor da University of British Columbia (UBC) e autor do livro “Princesa Isabel do Brasil: Gênero e Poder no Século XIX” (Unesp, 2005).
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Fontes: http://www.cnbb.org.br/ e http://www.istoe.com.br/ ed.impressa 2252, de16/01/2013,pag.50

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