FHC: briga entre PT e PSDB virou ‘cara e coroa’

Quarta Feira, 21 de Novembro de 2012

Josias de Souza


O ser humano costuma olhar com outros olhos para os mais velhos. As cobranças pelo que fizeram na vida decrescem na proporção direta da elevação da idade. O tempo perdoa os pecados com base no entendimento não-declarado de que o acerto de contas com a consciência e com o próprio corpo já é castigo suficiente para qualquer um. Há, porém, os que não admitem ser tratados como qualquer um. É o caso de Fernando Henrique Cardoso, 80 anos. Ele quer reconhecimento.
A convite do governador tucano Teotônio Vilela Filho, FHC esteve em Maceió na noite desta segunda (19). Foi receber a mais alta honraria do Estado, a medalha Marechal Deodoro da Fonseca. O rol de agraciados incluía também dois petistas: o governador de Sergipe Marcelo Déda –que não foi por razões de saúde— e a secretária nacional de Segurança Pública Regina Miki.
Servidora destacada da gestão de Dilma Rousseff e subordinada direta do ministro petista José Eduardo Cardoso (Justiça), Regina Miki chamou FHC de “eterno presidente”. Como que tocado pelo gesto de civilidade, o morubixaba da tribo dos tucanos lamentou que a briga entre PSDB e PT impeça que um reconheça os méritos do outro.
“Desgasta os dois”, disse ele. “Porque quando a briga fica cara e coroa, cara e coroa, o povo não gosta disso. Não é necessário. O PT não seguiu as grandes linhas que implantamos lá no passado? Seguiu. Então, não podemos avançar em programas que o PT implantou? Podemos. O Brasil é de todos, não é de um só.”
FHC não citou Lula, mas parecia dirigir-se a ele. “O nosso eleitorado não tem mais dono. Agora, acho importante renovar sempre. O Brasil é um país que tem vigor, energia. No alto dos meus 80 anos digo com tranquilidade: é preciso botar gente nova, jovem e com cabeça boa, com ideias também, para poder estar à altura dos desafios do Brasil.”
Instado a comentar o desempenho de Dilma Rousseff, FHC escalou o muro: “Ela ainda está por demonstrar [a que veio]. Percebeu que tem problemas. Agora, não conseguiu sair deles ainda. Nem na energia, nem no petróleo, nem nas estradas, nem nos aeroportos. Ainda está tentando. Vamos dar tempo a tempo.”
O PSDB vai mesmo oferecer Aécio Neves como alternativa em 2014? Ainda sobre o muro, habitat natural do tucanato, FHC disse que Aécio virou um “nome mais forte”. Mas ponderou que há “uma certa fila” no partido. “Não desrespeito os demais nomes”, afirmou, sem mencioná-los.
Antes de obter o reconhecimento do petismo, FHC terá de obter o respeito do próprio tucanato. Por muito tempo, o PSDB escondeu-o. Apenas recentemente o partido retirou-o do armário. Ainda assim, só de raro em raro aparece um bico grande disposto a enaltecer-lhe a biografia.
Os brasileiros que não estão diretamente envolvidos no “cara e coroa” não têm dificuldades de reconhecer que o país avança graças à relativa continuidade das políticas essenciais, sobretudo a partir da conquista da estabilidade econômica. Obtida sob FHC, foi mantida sob Lula e é reverenciada sob Dilma.
No fundo, no fundo PT e PSDB assemelham-se até nos defeitos. Ambos dispõem, por exemplo, de um mensalão para chamar de seu. O escândalo do PT é federal e não tem paralelos na história, acusam os tucanos. O do PSDB é mineiro, mas foi pioneiro e abriu a picada para as perversões, rebatem os petistas. E segue o “cara e coroa.”



Fonte; Folha/josiasdesouza
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